11 de agosto de 2008

“Bolívia, unida, jamais será vencida!”


Vitorioso no referendo, Evo agora busca diálogo com a direita


Em seu discurso, o presidente tratou de não insuflar as tensões políticas no país, parabenizando os governadores que obtiveram a ratificação de seus mandatos e chamando-os a fazer parte do projeto de mudanças desejado pela população e expressado no referendo.


O presidente deixou claro também que sai fortalecido do processo eleitoral, condição que respalda seu projeto de executar novas nacionalizações em setores estratégicos da economia boliviana.


O discurso conciliatório de Evo foi bem aceito por aqueles que o escutavam em frente ao Palácio Quemado - em todas as ocasiões nas quais se referiu à necessidade de união, foi aplaudido efusivamente.


Veja abaixo a íntegra do discurso do presidente Evo Morales:

“Hoje a Bolívia viveu um dia histórico, por sua participação tão espontânea nesta etapa de aprofundamento da democracia boliviana, que foi o referendo revogatório. Pela primeira vez na história do povo boliviano, houve um referendo revogatório com a participação massiva de toda a população, de forma democrática, pacífica, com o intuito de melhorar os espaços democráticos, no qual agora o povo boliviano pode decidir por revogar ou não revogar.
Irmãos e irmãs, o processo ocorrido ao longo do dia serve para consolidar nossa democracia. Por isso quero dizer que estamos aqui para avançar na recuperação de nossos recursos naturaçis, para consolidar a nacionalização das riquezas e empresas do Estado. Este mandato do povo boliviano será um meio para que toda a Bolívia mude e todos os bolivianos e bolivianas tenham direito à dignidade.
Estamos convencidos que é importante unir os bolivianos e o voto da população foi justamente para unir os diferentes setores do campo e da cidade, respeitando as normas e as leis existentes.
O dia de hoje não foi importante somente para os bolivianos, mas também para todos os latino-americanos. Estamos deixando uma marca na luta de todos os povos revolucionários, por meio da revolução democrática e cultural do povo boliviano.
Aproveito a oportunidade para saudar e expressar nosso respeito aos governadores ratificados. Quero convocá-los para que, de forma conjunta, encontrar soluções para as demandas e os problemas de todas as partes do país. Convoco a todos os governadores da Bolívia para trabalhar pela unidade dos bolivianos.
Também quero dizer que é uma obrigação do presidente, de seu vice e seus ministros e ministras, de modo conjunto às autoridades estaduais e municipais, para garantir esse processo de mudança. Agora que o povo boliviano expressou com seu voto a mudança do modelo econômico neoliberal, quero convocar todos os governadores a somar-se à revolução democrática que possibilitará a nacionalização de outros recursos naturais.

Também neste processo de mudanças é importante alterar temas estruturais para atender às demandas sociais. Quero dizer a todos e a todas que é necessário que se comece a acabar com a extrema pobreza. Após este referendo, convoco os setores solidários, os empresários patriotas, que contribuem para acabar com a extrema pobreza do país.
Companheiras e companheiros, quero hoje expressar a grande mobilização dos distintos setores do povo boliviano para garantir esse processo de mudanças. Aos irmãos dirigentes sindicais, aos companheiros parlamentares, aos dirigentes do MAS, aos ministros e ministras, a todos que participaram do triunfo desta revolução democrática e cultural, estou seguro de que o processo de conscientização do povo boliviano é que garantirá esse processo de mudanças.
Saudamos também não só os companheiros de La Paz, mas também de Oruro, de Potosí, de Beni, Santa Cruz, Chuquisaca, de Pando, de Cochabamba, de Tarija, enfim, de toda a Bolívia. É preciso que todos saibam que aqui não há nenhum Chapolin Colorado para salvar o povo boliviano. Estou convencido de que somente a consciência do povo boliviano irá salvá-lo.
Quisera eu ter 25 ou 26 horas por dia de trabalho, mas há somente 24 horas. Seguiremos trabalhando como temos feito, pela pátria, pelo povo boliviano, sem interesses pessoais, sem interesses mesquinhos, pensando sempre primeiro na pátria e no povo, e não-somente em certas regiões ou setores.
Para terminar, nosso compromisso é com a Bolívia, é com todos os revolucionários do mundo. É um compromisso de seguir dignificando a todos os bolivianos e bolivianas. Hoje ficou provado que a Bolívia luta primeiro por sua dignidade, por sua identidade. Esperamos que essa vontade tão espontânea e soberana seja escutada por alguns setores opositores, para que juntos possamos trabalhar pela dignidade, igualdade e unidade de todo o país.
Irmãos e irmãs, por fim quero dizer que viva a Bolívia! E também: pátria ou morte! Pátria ou morte! Venceremos!
Muito obrigado.”

De La Paz, Fernando Damasceno

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