25 de fevereiro de 2009

Vitória do SIM: O POVO tem Razão


Estava em Belém para o Fórum Social Mundial, agora em janeiro. Em determinada ocasião, disse um motorista de táxi sobre as reeleições: “o problema não é o cara continuar no poder, é ele continuar no poder sem o povo querer. Se o povo quer, está tudo bem”. O taxista não se referia a Hugo Chávez, mas a frase pode responder àqueles que adoram chamar de ditador o campeão em eleições.


Agora, desmoralizados pela especial adoração de Chávez por chamar o povo às urnas, ao invés de ditador ele passou a ser aquele que, de tanto fazer eleições e plebiscitos, tornou o processo vulgar. A mídia marrom e as elites ainda o acusam de ter sido derrotado na outra votação das alterações na constituição e de ter-se dado uma “segunda” chance. Mas nesse caso, há diferença entre pesos e medidas.


No caso da União Européia, por exemplo, quando os povos de diversos países rechaçaram a constituição do bloco, ninguém se levantou contra novas consultas. A radicalização da democracia é apenas um dos traços da mudança de época no nosso continente, iniciada a partir da eleição e reeleição de governos progressistas, cujo pioneiro foi justamente Hugo Chávez, em 1998, na Venezuela.


O que tira as elites do sério é que, eleição após eleição, a vitória do campo progressista se confirma e o processo revolucionário se reafirma naquela nação. A vitória nesse referendo fortalece o processo de integração continental, o Mercosul, a Unasul e a Alba. Fortalece a soberania nacional, a cooperação, o combate às assimetrias, a multipolaridade, a aplicação de políticas sociais, a democracia, a unidade dos povos latino-americanos.


Além do mais, deve-se levar em conta o momento político em que o povo renova sua confiança nos rumos apontados por Chávez: num contexto de crise mundial do neoliberalismo, quando fica evidenciada a necessidade de um modelo alternativo, viável aos povos. Nesse caso, a vitória no referendo deste domingo fortalece a nova luta pelo socialismo, que se dá através de um caminho próprio para o desenvolvimento nacional e para a emancipação dos povos.


A histórica votação mostra que existe espaço para propor uma alternativa à esquerda como resposta à crise e cria a expectativa de que se avizinha um momento de retomada da ofensiva ideológica dos movimentos progressistas e das forças revolucionárias em contraponto às combalidas idéias neoliberais.


Na realidade venezuelana já é possível inclusive hastear novamente a bandeira da luta pelo socialismo, apontado nas palavras de Chávez como o “socialismo do século 21”.


* Titi Alvares é diretora de Relações Internacionais da UJS

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