2 de julho de 2008

NOTA DE PESAR PELO FALECIMENTO DO CAMARADA CARLOS REINERS

"Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis."
Bertold Brecht.

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e a União da Juventude Socialista (UJS), manifestam profundo pesar em face do falecimento do querido camarada Carlos Reiners. Ao mesmo tempo, externa sinceras condolências aos familiares e amigos enlutados.

Filho do alemão Karl Heinrich George Reiners e de dona Maria Leopoldina de Almeida, Carlos Jorge Reiners nasceu em 1933 na fazenda Corixo, em Santo Antônio de Leverger. Ele ficou conhecido como "o último comunista convicto do Pantanal", conforme registrado pelo cineasta Amauri Tangará em documentário, ou por "Guevariano Cuiabano" na tese de monografia do historiador Jeferson Lobato.

Carlos Reiners soube da notícia do golpe militar de 1964 no início da noite de 29 de março. A Rádio Tupi informava que as tropas de Minas Gerais marchavam para a capital Federal e que o presidente João Goulart não iria oferecer resistência. Em uma reunião naquela mesma noite, os comunistas de Mato Grosso decidiram que ao menos eles resistiriam de algum modo.

No dia seguinte fizeram uma reunião à luz do dia para organizar uma resistência armada em Rondonópolis. Na madrugada do dia 31 de março, Reiners e mais 15 pessoas dirigiram-se para Jaciara tendo ao seu encalço 250 soldados deslocados de Cáceres especialmente para acabar com o movimento. O grupo tinha um acerto com um sargento do Exército em Campo Grande, que forneceria as armas para eventuais conflitos, mas ele foi morto no mesmo dia do golpe. A luta dos comunistas de Mato Grosso passou a ser, então, para se esconder e sobreviver no meio do mato.
Recebiam, porém, o apoio de lideranças das comunidades onde passavam. Alguns até passaram a engrossar o grupo. No entanto, um dos integrantes incumbido de fazer contato com o sargento assassinado, foi capturado pelo Exército e, sob tortura, acabou dando a direção dos resistentes. Agora eles não podiam nem parar para descansar. Depois de atravessar o rio São Lourenço, o grupo se espalhou, só voltando a se juntar na prisão do 16º Batalhão de Caçadores, em Cuiabá, onde chegaram a ficar presos 250 pessoas. Reiners foi preso assim que voltou para casa, depois de ficar mais de 24 horas correndo, sem ter o que comer. Na prisão, serviram-lhe uma refeição apenas no terceiro dos mais de 100 dias em que lá ficou.
Defensor do comunismo, foi torturado nos porões da ditadura, Carlos Reiners conheceu Che Guevara, numa possível passagem dele por Cuiabá a caminho da Bolívia. Ele foi o primeiro mato-grossense oficialmente reconhecido como vítima do regime militar, porém não chegou a receber indenização como anistiado político, mais jamais se curvou ante a ação dos órgãos de repressão e dos poderosos. Como professor, Reiners, que morava no distrito de Mimoso, formava cidadãos. Ele também ensinava noções de política e cidadania, sentado perto do pé de tarumã de sua chácara.

Temos plena convicção que o seu legado continuará em nossos corações e mentes, servindo de inspiração para a atual e futuras gerações de lutadores por um Brasil livre, democrático e socialista e por um mundo onde a miséria e a opressão sejam apenas cicatrizes da História.

Obrigado, Professor Carlos Reiners!

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