Asilo para Cesare Battisti?
*Por Rui Martins - correspondente
A comissão encarregada de julgar os pedidos de asilo no Brasil, Conare, decide amanhã (28) quanto ao destino do italiano Cesare Battisti, preso há quase dois anos no Brasil, a pedido da França e da Itália, que querem sua extradição. Battisti é acusado de ter cometido crimes, quando jovem, em nome de um movimento de extrema-esquerda italiano.
A comissão encarregada de julgar os pedidos de asilo no Brasil, Conare, decide amanhã (28) quanto ao destino do italiano Cesare Battisti, preso há quase dois anos no Brasil, a pedido da França e da Itália, que querem sua extradição. Battisti é acusado de ter cometido crimes, quando jovem, em nome de um movimento de extrema-esquerda italiano.
Há quase trinta anos, Battisti vive como foragido. Na França, no governo de Mitterrand, tinha encontrado abrigo, pois o presidente socialista francês havia dado refúgio aos italianos envolvidos nas agitações da época da Brigada Vermelha. Durante a campanha eleitoral, o atual presidente francês, com o objetivo de agradar os eleitores de direita, decidiu entregar Battisti à Itália, onde está condenado à prisão perpétua, num julgamento à revelia.
Battisti conseguiu fugir mais uma vez e se escondeu no Brasil, onde foi localizado quando alguém de Paris ia lhe entregar algum dinheiro para sobreviver. Ao mesmo tempo, outra militante daquela época, Marina Petrella, que vivia normalmente na França, foi presa e ia ser extraditada para a Itália.
Entretanto, ao ser separada de sua filha e de sua família para ser enviada à Itália, Marina entrou num processo depressivo e estava perto da morte quando, por intervenção da cunhada do presidente Sarkozi, foi suspensa definitivamente sua extradição para a Itália, onde deveria cumprir prisão perpétua. Cesare Battisti é o último dos italianos que a Itália quer recuperar para deixar apodrecer na prisão.
Além de negar ter praticados crimes de morte, Battisti se tornou escritor no exílio forçado, quando vivia no México, casou, tem duas filhas e sua extradição, por acusações de atos cometidos há trinta nos, não seria um ato de justiça mas de vingança da Itália berlusconiana. Hoje, no Brasil, diversas personalidades que lutaram contra a ditadura fazem parte do governo e seria um absurdo extraditarem alguém que, na juventude, também lutou contra o que acreditava ser um Estado totalitário.
Nada a ver com torturadores do Doi-Codi que massacravam e matavam por profissão ou por sadismo, sem qualquer ideal, senão o desejo de manter uma ditadura militar que havia deposto um governo eleito pelo povo brasileiro. Justiça para os torturadores do Doi-Codi e assassinos do Cenimar, mas asilo político para Cesare Battisti, que não foi nem torturador nem assassino profissional.
É hora de se passar a esponja nos excessos políticos da juventude italiana de há 30 anos. Fernando Gabeira, o senador Suplicy já se pronunciaram em favor do asilo a Cesare Battisti no Brasil, porque se trata de um foragido político e não um autor de crime comum.
O Brasil deve dar a Cesare Battisti o asilo para que possa trazer a esposa e filhas. E iniciar, em terra brasileira, uma outra fase de sua vida, num país de justiça e liberdade
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