28 de janeiro de 2009

Por que Cuiabá deve investir na sua juventude?


Parte 1

O tema da juventude vem ocupando cada vez mais espaço no conjunto das preocupações políticas e institucionais. Muitos estudos e pesquisas revelam um retrato da juventude como um segmento extremamente vulnerável na sociedade, independentemente da sua condição socioeconômica e em que o nível de desenvolvimento social se encontra cada país ou região, o que significa dizer que não cuidamos bem dos jovens, que representam em muitos discursos, apenas o “futuro” da nação.

No Brasil, adolescentes e jovens também ganham espaços na mídia, porém na sua grande maioria em assuntos relacionados com atos de conflito com a lei, fortalecendo o adjetivo de “juventude problema”. Por outro lado, surgem, pelo país a fora estudos e pesquisas cuja conclusão é a de que o Estado Brasileiro não se preparou para receber um grande contingente de jovens.

Atualmente, cerca de um quarto da população Brasileira é de 15 a 29 anos, um total de 50,5 milhões de brasileiros/as em que muitos não são assistidos pelo Estado, não tem acesso a direitos básicos como saúde, educação, segurança e trabalho e muito menos acesso a cultura, esporte e lazer. A escola, principalmente, o ensino médio e o mercado de trabalho não conseguem atender essa demanda crescente.

Diante dessa ausência de proteção social e de garantia de direitos, aumenta-se o número de meninos e meninas envolvidos em atos infracionais aos quais, na sua maioria, são atribuídos os crimes que encenam a violência social contemporânea. Constituindo-se nas principais vítimas dessa mesma violência que invade as pequenas e grandes cidades do país, os jovens têm contribuído para o aumento da taxa de homicídio duas vezes e meia maior do que outros segmentos etários.

Não bastasse a violência, quase a metade dos desempregados do país é jovem (IBGE, 2007), em média os trabalhadores jovens ganham menos da metade do que ganham os adultos (PNAD, 2006). Dados como esses revelam um processo de exclusão social, aprofundado pelo modelo econômico adotado na última década, no qual os jovens não tendo acesso aos serviços públicos e sociais, conseqüentemente, têm sua cidadania incompleta. Esse grande contingente populacional, associado aos dados apontados assusta e trás incertezas para o país.

Todavia, acredito que em pouquíssimo tempo os jovens passarão para outra etapa de suas vidas, na qual poderão, inclusive, comandar nosso país tornando-se mola propulsora de um futuro melhor.

Vale ressaltar que para muitos, o Brasil possui uma juventude problema e a solução é criar mecanismos pra tratá-la como se fosse um câncer; consoante a estes os jovens devem ser controlados e domesticados. Porém, graças à boa e velha dialética, há outro pensamento cuja corrente eu me filio e que olha os dados não de forma superficial e, sim, mais profunda. Estes outros acreditam, ao contrário, que a juventude pode contribuir para a solução dos problemas sociais do nosso país.

Se no Brasil a juventude de 15 a 29 anos somam 50,5 milhões de jovens, em Cuiabá esta parcela da sociedade chega à 161.125 (IBGE,2007), vivendo quase os mesmos problemas já apontados anteriormente para quadro nacional ou seja, desassistidos pelo Estado, desempregados, sem acesso a educação, cultura, esporte e vivendo em áreas de vulnerabilidade social.

Nesse sentido, o Estado brasileiro deve corrigir de forma urgente os séculos de abandono dessa parcela significativa da sociedade, cada vez mais investindo em educação, geração de emprego, em segurança, moradia, saúde e programas que visem garantias de direitos aos jovens e, também, a sua formação como cidadão.

Acredito que a juventude pode e virá exercer uma influência positiva e determinante sobre nosso futuro, tornando-se um elo entre o Brasil que temos e aqueles que queremos construir. Pra que isso ocorra é necessário investir economicamente e politicamente neste segmento.

Umas das formas é implantação das chamadas Políticas Públicas de Juventude – PPJ’s – termo que vem ganhando destaque nos últimos anos, isso porque o tema só começa receber atenção das academias, dos governos e da mídia a partir da década de 90, como dissemos no inicio deste texto, aliás, com muito atraso diga-se de passagem, pois países como Chile e Argentina há muito vem discutindo, elaborando e investido nas suas juventudes.

Aislan Sebastião Cunha Galvão é Historiador formado pela UFMT; conselheiro titular do Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso; Presidente Municipal do PCdoB em Cuiabá e atual Secretário Adjunto de Juventude de Cuiabá. e-mail: ascg65@yahoo.com.br

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